A alucinante banda Melt apresenta o tão esperado segundo álbum, inititulado ‘Replica of Man’. Ricas em versatilidade sonora, as nove canções são uma odisseia emocionante e transcendental. A música de Melt é um lembrete do grande rock alternativo que surgiu durante os anos 90 com sensibilidade de diversos estilos dentro do rock. bandas como Black Sabbath, Alice in Chains, Sleep e Tame Impala influenciaram o estilo da dupla – mas Melt cria uma abordagem melancólica, atmosférica e emocional da alternativa.
‘Replica of Man’ representa a marca única da alma da banda. Há simplicidade e perfeição juntas que tornam o som mais progressivo e grandioso. O som bruto da banda combina elementos de doom, pós-punk, grunge e rock psicodélico dos anos 70, com um toque de metal alternativo, em um caldeirão rodopiante de guitarras densas e energia sônica impulsionada pelo groove. Com esse disco provam que seguem com a ideologia artística, ousada e cativante, junto com o som penetrante e peculiar, que traz uma atmosfera sonora nostálgica ao mesmo tempo que exala um frescor sincero graças a energia jovial e mente visionária dos integrantes.
Já na abertura do álbum, a faixa-título, percebemos aonde a banda quer chegar, entregando um choque elétrico de paixão mesclado com uma atitude destemida, onde provam que são uma banda em constante avanço com uma sonoridade que remete ao Alice in Chains e Candlemass, mas ainda assim com o toque único do Melt. A música seguinte, “Sight to See”, já mostra o lado multifacetado remetendo também a tons de Black Sabbath – na forma da atmosfera densa e sombria e os grandiosos riffs inspirados em Tony Iommi, uma verdadeira homenagem aos pais do heavy metal. Criando uma vibe majestosa para amantes deste estilo, este disco mostra o quanto a banda adora dobrar e moldar gêneros musicais com sua atmosfera sombria e poderosa. Esta faixa é a minha preferida, pelo sentimentalismo, nostalgia e profundidade.
Subindo impecavelmente na ordem musical com seus riffs em camadas com seções de metais e arranjos progressivos, seu som está amadurecendo em algo único. Em “Problem Child”, a banda mantém o espírito do doom mas também incorpora o psicodélico com um tom mais ousado e exala técnica (é uma aula de riffs poderosos) e talento – por isso adorei essa banda, ela mistura diversas referências inusitadas para criar seu som, bem ao estilo que eu gosto pessoalmente. “Diviner” é um dos singles, com o videoclipe que pode ser visto acima, sendo uma fusão fervorosa e expressiva, uma satisfação conceitual de uma mistura eclética de ideias. Começa com um lick de guitarra distorcido que é compacto e suave, nostálgico e remete ao grunge, mas também tem tons de indie moderno, com um refrão que entra facilmente em nossa mente e um swing que nos faz viajar, sendo uma canção com mais sentimentalismo, alternando entre uma paisagem mais suave e mais pesada – lembra um pouco a vibe do Nirvana.
“Skeleton Girl” destila a energia do punk mantendo os riffs pesados – um tom que ora remete a musicalidade profunda do doom metal, ora do rock psicodélico dos anos 70, mantendo o ambiente denso. “Swamp Water” é uma uma viagem instrumental onde entendemos a genialidade por trás dessa criação absurda e ousada, que nos faz prestar atenção esperando os vocais e nos envolve com técnica e talento.
Uma melodia cativante e atraente com um arranjo musical genuíno é sentida na faixa “Shame”, sendo a música comercial do álbum com melancolia penetrante e intimista com um ar sombrio que leva o ouvinte aos limites do desconhecido de uma forma prazerosa e impossível de descrever – é preciso ouvir e sentir por si só esse momento, pois os vocais cantam de forma teatral e penetra no ouvinte de uma forma única. “Sword or the Scepter” injeta em nossa mente a mensagem, fazendo o ouvinte entrar nessa imersão, trazendo uma sonoridade mais pesada do metal, com o instrumental drástico, extenso e sombriamente alucinante, mostrando as mentes brilhantes dos garotos do Melt. Fechando o disco, “Hive Mind” coloca fim a essa viagem maravilhosa, mas despertando a vontade de apertar o play novamente e embarcar nesse mundo criativo do Melt. Essa última faixa traz o lado mais pesado e denso, destilando a nostalgia e o momento sombrio. Com uma técnica e estilo perfeito que remete aos clássicos geniais de bandas grandes.
‘Replica of Man’ mantem a frequência, conduzindo o ouvinte em uma viagem sonora inesquecível, com destaque na forma como a banda misturou referências dentro do rock e de uma maneira peculiar criou um trabalho atemporal perfeito para os fãs do estilo, conversando diretamente com seu instrumental e com o ouvinte, transmitindo diversos sentimentos de forma satisfatória. Melt chegou para ficar e já ganhou destaque repleto de ideias vibrantes, exclusivas e de pura nostalgia, sendo uma banda potente, de imersão com um domínio tão forte e confiante sobre seu som, que consegue encantar desde o público mais exigente até quem busca bandas novas. A banda prova que está no caminho certo para estar entre os grandes nomes da música atual.