Resenhas

Skeletá

Ghost

Avaliação

9.0

Hoje, sem dúvida alguma, o Ghost é um dos grandes nomes do Rock no Mainstream, chegando com força nas rádios e sendo protagonista em festivais e gigantes turnês com seu espetáculo visual. Se você procura por aquela banda ocultista de “Opus Eponymous” ou “Infestissumam”, sinto lhe dizer que ela não existe mais. “Skeletá” enfatiza mais ainda essa fase onde Tobias Forge e seus Nameless Ghouls exploram um Rock oitentista e muito mais acessível aos ouvidos menos preparados. O álbum chega nesse dia 25 de abril pela Loma Vista Records e pela Universal no Brasil, mesmo sem uma data para o lançamento nacional. Vamos dar aquela conferida.

O clima ácido que sempre foi uma afronta a igreja católica ainda está presente, mesmo que de forma tímida, principalmente na parte visual, no qual a banda apresenta um novo, agora chamado de Papa V Perpetua, o pseudônimo de Tobias Forge que lidera o Ghost a cada álbum. Ironicamente o álbum sai na mesma semana da morte do Papa Francisco. Mas enfim, musicalmente a banda encontrou uma fórmula que funciona perfeitamente há pelo menos três álbuns, com uma roupagem voltada ao Hard Rock, com algumas nuances de Heavy Metal, com o enriquecimento das composições feitos principalmente por corais, harmonias orquestradas e sintetizadores, que dão um aspecto mais encorpado ao som da banda.

Peacefield“, “Lachryma” e “Satanized” foram escolhidas como os singles promocionais e também abrem o álbum, nessa mesma sequência, e elas dão o tom do álbum, músicas pegajosas, com refrão de fácil assimilação, sem aquele aspecto sombrio e blasfemo de antigamente, dando até a sensação de que são músicas felizes, dançantes, bem diferente do que um fã antigo do Ghost se acostumou. Curiosidade é que “Saranized” tem o solo de guitarra de Fredrik Akesson do Opeth.

Nessa mesma linha temos “Cenotaph“, essa com alguns elementos mais centrados ao Metal, com uma certa ênfase nas guitarras, mas com os sintetizadores predominando na maior parte. Se você busca algo mais pesado, pode encontrar em “Missilia Amori“, ainda assim, a faixa é mais puxada para um Rock de arena do que para o peso do Metal. Na mesma pegada temos “Marks Of The Evil One“, com refrão feito para shows. Ainda conta uma certa ostentação dos teclados dando mais ainda aquele ar oitentista.

A faixa mais surpreendente do álbum é “Umbra“, que parece ser feita pra trilha sonora de algum filme. Faixa empolgante, com riff marcante e um andamento animado, tem a melhor performance de bateria e guitarras do álbum todo. Garante que o ouvinte vai se encantar. Fechando a audição chega “Excelsis“, que inicia com uma pegada mais acústica e melódica, acaba se encorpando da metade para o fim. Não tem guitarras pesadas, não conta com refrão épico, mas tem um clima de desfecho muito bem encaixado, deixa com a sensação de satisfação ao seu final.

O Ghost cresceu, hoje é um gigante da cena e para isso teve que abrir mão de algumas coisas. Tobias é um gênio e soube muito bem escolher o caminho a trilhar. O visual já chamava a atenção, mas o som era muito obscuro, nada acessível para ouvidos sensíveis e então o mesmo buscou a suavização de sua música. Não se engane, o Ghost antigo ainda está lá, mas de uma forma tímida, hoje dando lugar ao som mais polido, bem produzido e feito para você cantar junto. “Skeletá” é o melhor trabalho dessa fase mais brilhante, aos meus ouvidos muito superior ao anterior, consegue te prender mais, despertar a curiosidade do que está por vir e isso é um fator muito importante durante a audição de um álbum. Dê o Play e divirta-se!

Tracklist:
1. Peacefield (5:40)
2. Lachryma (4:36)
3. Satanized (3:56)
4. Guiding Lights (3:24)
5. De Profundis Borealis (4:32)
6. Cenotaph (4:17)
7. Missilia Amori (4:31)
8. Marks Of The Evil One (4:15)
9. Umbra (5:31)
10. Excelsis (6:01)