Resenhas

Telekinetic

Twice Dark

Avaliação

9.5

Direto de Bloomington, Indiana, nasceu o Twice Dark, projeto de Josh Kreuzman, um veterano das sombras sonoras. Desde 2020, ele vem brincando de alquimista com elementos de goth, EBM, deathrock e synthpop, tudo com aquele cheiro de mofo bom das décadas passadas. Kreuzman tem raízes fincadas na arte — tanto no som quanto na escultura — e dá pra sentir isso na forma como constrói atmosferas que mais parecem instalações em galpões abandonados do pós-industrial americano.

Agora, com Telekinetic, seu quarto disco, o Twice Dark pisa fundo no synthpop e nas raízes do gótico tradicional sem perder a vibe eletrônica que já virou assinatura. São sete faixas que soam como um convite para dançar na penumbra, mas com uma piscadela debochada para as pistas de italo disco e darkwave.

“Night Shifts” abre o álbum como se você tivesse acabado de entrar num clube subterrâneo em Berlim em 1986, ou na realidade de nós brasileiros o famoso Madame Club: O sintetizadores com textura analógica e bateria eletrônica que alterna entre o groove hipnótico e a rigidez robótica já mexem com nossos ouvidos. Em “Invisible Man” o synth bass pulsante domina , o clima aqui é mais soturno, com camadas de synths modulados que criam uma tensão gostosa, enquanto os vocais soturnos e lúgubres.

“Necromantic” vem com uma batida EBM pesada e riffs de sintetizador que lembram a fase mais agressiva do Twin Tribes. É pista pura, mas com aquela melancolia que não deixa ninguém esquecer que estamos num território gótico. Com certeza, “Necromantic” é um hit deste disco.

A quarta faixa, “Phoenix” traz o mistério de volta a música volta ao gótico de pista clássico, trazendo uma linha de baixo vibrante e refrões que poderiam muito bem ter saído de um clássico.

“Time Traveller” me lembrou FEX, uma lost media da atualidade, que tem exatamente a mesma vibe e é nostálgica como a canção que vos resenho. A faixa mergulha em uma vibe mais coldwave, com timbres gelados e uma bateria eletrônica mais contida, criando espaço para detalhes sutis. Aí vem “Mind Trap”, que poderia ser trilha de uma perseguição cyberpunk: batida seca, linhas de synth afiadas e vocais quase declamados, tudo embalado por uma produção que acena discretamente para uma vibe cyberpunk romantic.

Fechando o disco, “Telekinetic”, a faixa-título, resume o espírito do álbum: modernidade com nostalgia e familiaridade. A faixa é dançante e envolta em um clima synthwave, com synths flutuando entre camadas brilhantes e refrões que gritam anos 80, mas sem soar datados. A faixa é a mais retrowave/synth do disco..fugindo do gótico por seus 3min35

Se você curte dançar de preto e com cara na parede, ou se bandas como Bauhaus, Fild of Nephilim e She Past Away fazem parte da sua playlist, Telekinetic é um prato cheio. Bota pra tocar alto e some na fumaça da pista.