Há pelo menos 4 álbuns o Opeth vem experimentando, buscando uma nova direção em seu som, muitas vezes não agradando os fãs, mas com álbuns sem muito prestígio. Os mesmos são de qualidade e com certeza mostram toda a maestria do suecos na questão de composição, mas foge da raiz que definiu o som da banda. Agora a nova proposta é “The Last Will And Testament”, álbum conceitual que conta a história da leitura do testamento do patriarca de uma família e a briga pela herança dos membros remanescentes. Então vamos lá conferir como ficou essa nova empreitada.
As músicas tem nos títulos uma sequência de parágrafos, sendo divididas em 7 partes, além da música derradeira “A Story Never Told”. Musicalmente, podemos dizer que a banda encontrou o equilíbrio entre o peso e o Progreesivo, com a volta dos guturais únicos de Mikael Åkerfeldt, algo que os fãs pediam muito.
Logo na primeira faixa você encontra esse ponto de equilíbrio citado acima, “§1” – leia-se “Paragraph One” – temos a introdução cheia de virtuosismo e os guturais aparecendo em pouco tempo. No “§2” a mesma situação com um pouco mais de agressividade. Aqui temos a primeira das ótimas passagens melódicas que o Opeth faz, com mais ênfase nos teclados de Per Wiberg.
“§3” é a primeira sem guturais, com a pegada mais progressiva, tem ótimas linhas de bateria e um dos melhores riffs do álbum. Performance impecável da banda. “§4” é perfeitamente equilibrada, com os vocais guturais se intercalando com os limpos, em linhas progressivas no instrumental. Temos uma primeira passagem linda acústica, com o que parecem ser harpas, já na segunda passagem temos o baixo de Martin Mendez com mais ênfase pela primeira vez no álbum. Lindíssima composição que lembra muito do álbum “Ghost Reveries”.
“§5” tem sua base principal feita por violão, teclado e bateria, com uma levada até dançante. Os vocais melancólicos de Mikael fazem toda a diferença e com o gutural é usado em mais momentos que as anteriores. Outra composição perfeita que é uma mistura de “Heritage” com “Deliverance”.
Um andamento mais acelerado é ditado em “§6”, com um show de performance de Walterri Wäyryen na bateria. Os guturais mais uma vez marcam presença e dão aquele toque especial para a faixa. Uma passagem linda acústica finaliza a faixa e nos leva para a pesada “§7”, com um riff marcante que encabeça um clima tenso, com cara de final. A faixa mantém o clima com momentos mais agressivos mesclados com outros mais cantados e progressivos.
Fechando a audição, temos a bela “A Story Never Told”, que também finaliza a história do álbum de forma brilhante. Mantém um clima mais ameno e agradável, sem perder a melancolia já característica do Opeth. Um encerramento incrível que não demora pra te fazer apertar o Play novamente.
Um álbum belo, consciente, que mescla com maestria tudo o que a banda sabe fazer de melhor. Sem aquelas passagens progressivas cansativas dos últimos álbuns onde não havia um ápice nas composições, aqui tudo tem um propósito, um momento arrepiante que te faz pensar em como essa banda é boa e sabe fazer algo marcante. Espero que para os próximos álbuns a banda mantenha esse foco do equilíbrio e continua lançando álbuns incríveis como esse.
Tracklist:
1. §1
2. §2
3. §3
4. §4
5. §5
6. §6
7. §7
8. A Story Never Told