Resenhas

Theory of Mind

Kiko Loureiro

Avaliação

8.0

Acabei de receber em minhas mãos o novo álbum de Kiko Loureiro, Theory of Mind, e a experiência de ouvi-lo pela primeira vez foi prazerosa. Às vezes, é necessário seguir o próprio caminho e fazer o que se deseja, sem se importar com fama ou status. A vida é curta, e o que realmente importa é encontrar propósito e satisfação pessoal, independentemente do que os outros pensam. E isso é algo que Kiko sempre demonstrou ao longo de sua carreira.

Como brasileiro, sempre me senti extremamente orgulhoso de ver Kiko Loureiro no Megadeth. Sua entrada na banda não apenas representou uma conquista pessoal, mas também foi uma grande vitória para a música brasileira, mostrando ao mundo o talento que o nosso país tem. Em 2016, o Megadeth, com Kiko na formação, conquistou seu primeiro Grammy na categoria Best Metal Performance por Dystopia, um reconhecimento claro do impacto que ele teve na banda. Quando Kiko anunciou sua saída, foi um grande choque para mim, mas, ao compreender suas razões — o ritmo das turnês já não se adequava às suas prioridades pessoais e aspirações — percebi que, às vezes, a busca pela felicidade exige mudanças.

Após algum tempo em casa, Kiko nos presenteou com Theory of Mind, um álbum que explora os limites da mente humana e do inconsciente. O disco reflete uma visão única sobre as interações humanas em tempos de evolução tecnológica e as complexidades emocionais dessa era. Recentemente, ele anunciou a Theory of Mind Tour 2025, com shows por várias cidades do Brasil, celebrando o álbum e contando com a participação especial de Marty Friedman.

Theory of Mind é o sexto álbum de estúdio de Kiko, sucessor de Open Source (eleito o melhor álbum de 2020 pela Guitar World). A obra mergulha nas interações entre seres humanos e inteligência artificial, além de abordar a Teoria da Mente, conceito psicológico que descreve a habilidade humana de reconhecer e interpretar os estados mentais dos outros. Segundo o próprio Kiko, o álbum busca capturar a complexidade de como percebemos as mentes dos outros, especialmente de quem tem uma visão de mundo diferente da nossa.

O álbum transita com facilidade entre estilos diversos, misturando-os com metal de forma natural, sem soar forçado. Kiko, um grande amante da música, também se aventura em estilos contemporâneos, como o djent, evidenciado em faixas como The Other Side of Fear.

Uma das músicas mais marcantes é Borderliner, que explora os limites da mente, flertando com o que é aceitável, às vezes ultrapassando esses limites e, em seguida, recuando com arrependimento. A faixa nos leva a uma jornada introspectiva, algo inovador no universo da música instrumental.

Embora as faixas se sucedam de forma harmoniosa, a verdadeira joia do álbum está na sexta faixa, Point of No Return. Essa música é um feito técnico impressionante e carrega uma emoção rara. Kiko consegue tocar complexos planos musicais com uma intenção clara, sempre servindo à história que quer contar. A faixa seguinte, Raveled, mantém o nível de excelência, com uma sonoridade oriental e um solo hispânico acústico que a tornam essencial para o conjunto da obra.

The Barefoot Queen é provavelmente a faixa mais progressiva, podendo encerrar o álbum com uma estrutura épica digna dos maiores nomes do gênero. No entanto, Kiko optou por adicionar Finitude, uma faixa interessante, mas que me pareceu mais fraca do que a anterior.

Theory of Mind é um álbum de grande profundidade e ousadia, mostrando a habilidade de Kiko Loureiro em transcender suas influências passadas e criar algo único, explorando temas profundos e complexos com maestria.

Tracklist:
01 – Borderliner
02 – Out of Nothing
03 – Mind Rise
04 – Talking Dreams
05 – Blindfolded
06 – Point Of No Return
07 – Raveled
08 – Lost in Seconds
09 – The Other Side of Fear
10 – The Barefoot Queen
11 – Finitude