Resenhas

Wake Me in the Sunrise

Wilhelm

Avaliação

8.5

Wilhelm, o projeto solo de Murnau e do vocalista do The House Flies, lança seu aguardado terceiro álbum folk lo-fi. Com nove canções, é um álbum que evoca as paisagens sonoras vastas e íntimas que só um artista com essa bagagem poderia capturar. Murnau se aventura por caminhos mais serenos e profundos, misturando folk, alt-rock e um abuso de intimismo que te faz viajar por paisagens serenas.

Desde a primeira faixa, “Midnight Caller on the Moon”, fica evidente que Wilhelm domina a arte de criar atmosferas. Aqui, somos acolhidos por dedilhados de violão suaves que parecem sussurrar segredos ao vento, enquanto a voz de Murnau escoa suavemente em nossos ouvidos. A sensação é a de estar caminhando por um vasto vazio e branco.

Em “Obituary Page”, a abordagem muda levemente, trazendo uma linha mais folk Dylaniana. A influência é inegável, com acordes que evocam as planícies abertas e um ritmo que, embora contido, carrega uma energia latente, pronta para explodir a qualquer momento. Há também um profundo sentimento melancólico que acompanha linhas de banjo.

Na terceira faixa, “Upon the Thinnest Lips”, temos uma textura mais densa, com camadas de piano que se entrelaçam de forma quase hipnótica ao som atmosférico do banjo. A faixa possui uma pegada mais espiritual e crescente, introspectiva mas um pouco mais explosiva que as anteriores, com um clímax instrumental que te deixa quase sem fôlego.

Este disco tem uma narrativa acústica, e a faixa “All the Things I Need to Say” demostra isso perfeitamente. Todas as músicas este álbum foram criadas com uma abordagem crua e minimalista usando um multitracker Tascam de 4 faixas, resultando em um som íntimo que captura emoções e memórias profundas.

“Cloudless Wonder Eyes” traz uma vibe mais desbravadora e interessante, com uma estrutura mais minimalista e uma melodia que cresce ritmicamente e traz a sensação de liberdade calma e serena, como o nascer do sol em uma manhã de outono, tudo isso mantendo a essência folk do álbum.

“One to Keep You Warm” segue a mesma fórmula com dedilhados profundos e a voz ultra performática de Murnau. Voz essa que tem uma incrível facilidade de ser coerente e interpretativa, repleta de emoções sutis e uma liberdade que a torna belíssima dentro de cada faixa. A voz de Murnau passeia por diferentes dinâmicas, crescendo em intensidade até um final catártico, que parece refletir a libertação emocional do cantor.

“SHopeless Drifting Afternoon” mantém a calma e serenidade, uma faixa onde a leve brisa marinha é quase palpável. As guitarras ondulantes e os arranjos sutis de cordas criam um ambiente introspectivo e calmante, perfeito para momentos de contemplação. Um embalo perfeito, sendo a  faixa que mais encantou.

Em “Prophet’s Gun” voltamos com a vibe folk, novamente melodias suave que evocam uma paisagem verde e tranquila, criando uma sensação de paz e equilíbrio. O álbum encerra com “Hold Your Head Now, Baby” um belíssimo grand finale. A faixa é marcada pela voz marcante e uma melodia vocal que é ao mesmo tempo reconfortante e energética. É a conclusão perfeita para um álbum que é uma verdadeira obra de arte sonora.

‘Wake Me in the Sunrise’ é uma jornada musical que reflete a evolução de Murnau como artista. Combinando elementos do folk, rock e experimentações sonoras, ele nos entrega um álbum coeso, cheio de nuances e com uma estética sonora que, embora reminiscente, é completamente única. Uma obra que merece ser ouvida com atenção e apreciada em cada detalhe